domingo, 31 de outubro de 2010
JORGE GALPÉRIN
quarta-feira, 27 de outubro de 2010
RIDENTE TORRÃO DE MALANDROS
terça-feira, 19 de outubro de 2010
XICO
Estávamos nós nesta dissertação intelectual quando o Xico, uma espécie de piriquito, resolveu abandonar a prisão onde se encontrava, da varanda à nossa frente, e ir descobrir novos mundos. Como a jovem ave não tinha anos de treino ou aperefiçoamento como os seus irmãos do jardim Camões em Macau, onde se passeiam em tardes calmas regressando no fim do dia ao seu lar sem dificuldades, causou preocupação a quem o criou e aos amigos. O Xico resolveu dar “baile” nessa tarde de domingo e proporcionar umas visitas a varandas e telhados cá do burgo. Voltaria horas mais tarde já cansado e afirmando que antes uma gaiola segura que uma vila em que os direitos dos animais não são completamente salvaguardados.
O Xico já cantava de novo, enfeitando a pluma colorida com retalhos ainda mais coloridos de enfeites carnavalescos, quando nós dois sabíamos que na urbe maus tratos a animais, envenenamentos, abandono, instalações inadequadas para os sem dono, esterilização de cães e gatos sem regras ou inexistentes, canil provisório sem licença nem homologado, a não existência de um centro de recolha animal, são um “pão nosso de cada dia” como diriam, em 1888, os republicanos ao saber da proeza do monarca ornitólogo e pintor das aves que eliminava.
Dirão alguns que fazer o que ainda não foi feito na defesa dos direitos dos animais será um acto sem interesse, pouco importante, com processos burocráticos complicados e morosos e que envolvem muitas variáveis e que mais vale, dá mais visibilidade, falarmos de touros e toureiros. Mas é sem dúvida um acto de cidadania e de democracia e eis-nos em final do dia a ouvir o Xico a cantar Só Nós Dois É Que Sabemos. Ou seria a Anabela e o seu novo disco Nós, com produção de Laurent Filipe?
sexta-feira, 8 de outubro de 2010
C(S)EM ANOS DA REPÚBLICA
Em silêncio, não nos apetece perturbar os espíritos do burgo com matanças do porco (a da Cerdeira foi a melhor), jantares falhados lá para os lados do S. Paulo, eleições entre Mários e Vitores, crucificação da classe média, dos mais pobres e, milagre com alcunha de socialista, como continuar a enriquecer os mais ricos.
Estamos nas comemorações da República, cem anos, 100 montaditos, e chega-nos à memória uma das figuras indiscutíveis da nossa terra e homem livre com um empenhamento cívico e cultural invejável, Álvaro Viana de Lemos. Residente da república e de repúblicas, este lousanense sempre teve a coragem de exaltar a terra que o viu nascer (já vimos lousanenses renegar a terra que os fez alguém!) e dar largas à sua paixão de divulgar, promover e fomentar, como prioridade indiscutível e inadiável, a cultura popular, a luta pela defesa da educação e da instrução. A grande preocupação da sua vida foi a difusão do ensino. Republicano convicto condenou sem exitações a barbaridade de estrangular a escola, a educação e a promoção do facilitismo. Promotor de uma educação nova que foi duramente reprimida por Salazar, combateu sem tréguas o analfabetismo e a iliteracia.
Uma Aventura teria muito que aprender ainda hoje com Álvaro Viana de Lemos. Não basta dar o seu nome aos agrupamentos de escolas da Lousã para se pensar que foi feito o que ainda está por fazer. Sim porque a Lousã, apesar da extinção deste agrupamento, deveria continuar a dar o nome ao agrupamento de escolas da Lousã ao fundador da Universidade Livre.
É de lamentar que o novo agrupamento tenha 13 escolas, 2700 alunos, não possua a estabilidade necessária, serviços administrativos adequados, espaços físicos capazes, excesso de turmas, poucos recursos humanos a nível dos assistentes operacionais, quase desaparecimento do ensino especial (só na Escola Secundária da Lousã existem 40 alunos com necessidades educativas especiais), encerramento de escolas e falta de um projecto educativo condizente com a nova realidade. Elogiar o corpo docente, manifestar a nossa solidariedade com quem sofre na pele esta “bagunça” que se instalou no Portugal que ainda é “metade Jorge de Brito e metade Jorge de Melo”, é um acto de cidadania. Mas falta fazer a reflexão crítica sobre o que se está a passar, imbuir a intervenção educativa de responsabilidade social, fazer inovação pedagógica e dar sentido ao património de cultura pedagógica que elegemos como nossa.
Reagimos lutando contra os instalados ou mantemo-nos "instalados".
Nós dois é que sabemos mas vamos reagir... Álvaro Viana de Lemos também saberia reagir porque tinha a sublime dedicação na missão de educador.