quarta-feira, 29 de dezembro de 2010
AS PRENDAS DA CASA COR-DE-ROSA
sexta-feira, 17 de dezembro de 2010
O PAI NATAL E O MENINO
Nós os dois entre dois licores preparados com produtos naturais cá da terra a partir de uma dupla destilação de plantas e sementes aromáticas, digerimos uma canção que podia ser da época que atravessamos mas que nos faz pensar. Os meninos à beira da fogueira vão aprender coisas de sonho e de verdade. Como é linda a canção que trauteamos enquanto um bando de pardais à solta percorrem os caminhos do burgo.
Este é o tempo que devia ser de paz mas, só nos faltava esta, assistimos a uma luta entre os defensores do Menino e os do Pai. Por mim, afirmo já, sou a favor do Pai porque é vermelho, faz exercício físico, anda de transportes não poluentes, tem um aspecto respeitável, alegra os meninos e ainda deixa ficar presentes. Detesto quando há grupos organizados a denegrir a imagem do Pai. O Menino tem tempo para crescer e também há-de ser pai.
Estávamos nós nesta conversa natalícia quando nos chega um documento à mesa dos sonhos, o relatório do Centro de Estudos Innocenti da UNICEF que nos faz estremecer. O “Report Card 9 – As Crianças que Ficam para Trás (The children left behind)” – conclui que as crianças em muitos países ricos da Europa e dos Estados Unidos sofrem de maior desigualdade do que as crianças de outros países industrializados. Este estudo compara, pela primeira vez, 24 países da OCDE (Organização para a Cooperação Económica e Desenvolvimento) em termos de igualdade na saúde, educação e bem estar material das crianças. O estudo divulgado no início deste mês revela que países como a Itália, Estados Unidos, Reino Unido, Grécia e Portugal estão a permitir que as suas crianças mais vulneráveis fiquem muito mais para trás, com consequências sérias de desigualdades, economia e sociais do que outros como a Dinamarca, a Finlândia, a Irlanda, a Suiça e a Holanda.
Num momento em que o discurso sobre medidas de austeridade e cortes em gastos sociais tem vindo a subir de tom, este relatório coloca o enfoque nas centenas de milhares de crianças que correm o risco de ficar mais pobres nos países mais ricos do mundo. E Portugal é o país da OCDE com maior taxa de pobreza infantil. Ora bolas, lá estamos nós à frente de um indicador em que devíamos ficar mais para trás. Lemos ainda, que um pequeno grupo de países, Dinamarca, Países Baixos, Suiça e Finlândia, estão à frente na promoção da igualdade no que diz respeito ao bem estar das crianças. Por outro lado, Estados Unidos, Grécia e Itália são os países que estão a deixar as crianças mais desprotegidas.
Portugal, Grécia e Espanha são os países com os mais elevados níveis de desigualdade. As desigualdades no desempenho educativo das crianças em matéria de literacia em leitura, matemática e ciências são menores na Finlândia, Irlanda e Canadá e mais elevadas na Bélgica, França e Áustria. Portugal, Noruega e Países Baixos apresentam os níveis mais baixos de desigualdade na Saúde. Os custos mais pesados destas desigualdades são pagos pela própria criança. A desigualdade que empurra a criança para a base da pirâmide acarreta uma série de custos que os contribuintes terão de pagar mais tarde sob a forma de aumentos de pressão sobre os serviços de saúde, o ensino recorrente e a assistência social.
Para que o combate à pobreza infantil seja um elemento central das estratégias e políticas nacionais o bem estar das crianças deverá constituir uma prioridade em todas as áreas governativas. Deve-se utilizar melhor os benefícios e deduções fiscais concedidos às famílias a fim de diminuir o fosso da desigualdade. Diminuindo estas desigualdades temos uma maior probabilidade de diminuir os problemas da nutrição, do menor desempenho educativo, do stress crónico e do desenvolvimento.
E nós os dois vamos fazendo o que ainda não foi feito, denunciando, julgando cumprir o nosso tempo, termos dúvidas, muitas e memórias, algumas. E chega-nos à memória um escrito de Fernando Pessoa que nos diz: “ Dizem que finjo ou minto tudo o que escrevo. Não. Eu simplesmente sinto com a imaginação. Não uso o coração”. E o frio deste ano parece ser mais e pior do que o de anos idos.
quinta-feira, 2 de dezembro de 2010
DIGO EU E DIZES TU
Estamos mal de tudo ou quase tudo, dizemos nós enquanto o frio aperta cá em cima nesta Serra coberta de branco e tu me dizes que cá se vai andando com a cabeça entre as orelhas. Parece até daqueles diagnósticos médicos que se fazem e onde o doente não tem hipótese de sobrevivência mas que se diz à família que enquanto há vida há esperança. E temos todos que ter esperança. Mas digo eu e tu concordas que sem saúde não há liberdade e que só há liberdade a sério quando houver a paz, o pão, habitação, saúde, educação.
E se todos concordamos em que o Serviço Nacional de Saúde foi das maiores conquistas do vinte e cinco do quatro bem como o Poder autárquico, também sabemos que tal como o direito à informação, o direito à saúde marca a diferença entre existir ou não existir. Sem informação não há vida e viver sem saúde é uma calamidade.
Conquistada a liberdade política há 35 anos, Portugal anda a construir as condições que a suportam tendo como direito fundamental a saúde. Temos hoje equipas de saúde espalhadas por todo o território nacional, tentamos fazer uma reforma na saúde que servisse de marco histórico das reformas em Portugal e na Europa, continuamos a dar expressão ao que de mais essencial tem a liberdade, temos hoje números em saúde idênticos aos da Europa, somos dignos dos maiores elogios nas instâncias internacionais porque conseguimos os mais altos índices de desenvolvimento humano reduzindo drasticamente a mortalidade materno infantil e aumentando a esperança de vida para valores nunca conseguidos.
E se houvesse heróis esses eram os enfermeiros, os médicos mas também todos os profissionais da saúde que contribuíram para que fossem colocados em todo o território nacional os Cuidados de Saúde Primários como parceiro estratégico da liberdade. Os portugueses puderam, assim, escolher o seu médico de família, a sua equipa de saúde, e criaram as condições imprescindíveis de serem mais saudáveis. E hoje a Saúde tem que fazer uma aliança estratégica com a Educação e o Ambiente de forma a que todos possamos aprender a não delapidar os nossos recursos e a impedir que outros o façam, mesmo que os abutres sejam os grandes grupos económicos ou agentes políticos que nada fizeram ou contribuíram para a plenitude da nossa liberdade.
Falta fazer muita coisa a nível mundial mas também
Não matem o que de bom foram construindo neste últimos anos porque muitas das vitórias deste povo e dos seus governantes merecem figurar como emblema de quem se preocupou em resolver os problemas nacionais. E tu e eu o que vamos fazer? Talvez continuarmos atentos.