sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

IDIOTAS DE UM MODO GERAL



Estás triste sentado num banco do jardim, de um qualquer parque da nossa vila, numa tarde fria como só tu a sentes, fria por dentro e fria por fora e vais desconseguindo perceber este Portugal que cada vez estás mais triste e se vai afundando qual Titanic da era moderna e onde uns patifes vão tocando na orquestra do saque. Sim porque como tu afirmas que esta patifaria te faz lembrar, para pior, o Odorico Paraguaçu da imemorável novela O Bem Amado”. Nem tiques têm para serem iguais à personagem telenovelesca mas são personagens da vida real e uns tipos execráveis. Apanham-se com algum dinheirito, uns créditos, quase todos nomeados pela tutela como administradores de empresas, e quando se sentem ou persentem que vão ficar como gente normal resolvem levar Pingos e Martins e outras empresas de sucesso para fora do retângulo à beira mar plantado.
Fecha-se a loja, seja a da Praça ou do Infante do Músico, de GOLa alta ou da Cruz ao Peito e aí vão eles tentar convencer que são os arautos da liberdade, da fraternidade e da igualdade, mas sempre no maior dos secretismos não vá o Demo tecê-las. Mas há sempre gente pronta a ir ganhar uns míseros 1700 Euros por dia, não se despegando de uma reforma miserável de 9 mil euros, para dar à luz nem que seja para amarelo ver. Claro que todos têm um curriculum invejável, fruto de muito estudo e muitas horas perdidas em bibliotecas cheias de rituais, e por isso é que sabem de tudo. Água, eletricidade, gás, petróleos, caminhos-de-ferro, auto-estradas e até de fazerem conta para uns pelintras que ganham pouco mais que 600 euros lhes pagarem as mordomias. E como tu dizes num escrito memorável
os partidos do arco do poder limitam-se a servir de lastro às congeminações das lojas, dos aventais, dos que rezam e só sexam para procriar, os que acham que tudo é fruto da “diarreia mental do século XIX”, como dizia o santacombista à mão armada, que conluiado com essa malta toda governou em ditadura este País quase meio século”.
Confesso-te, aqui mesmo, que não consigo colocar um avental pois detesto cozinhar e nem um ovo sei estrelar. Prefiro o meu Pregador aos peixes que uma qualquer cruz de cruzado para combater os infiéis. É por isso que detestamos os intocáveis, os únicos que têm verdades absolutas, que debitam dislates continuados quando perguntados sobre assuntos do mais alto valor da Nação e rimo-nos a aventais despregados quando folheias o livro de Alexandre O’Neill e nos deliciamos com este bocado de prosa pois, ainda hoje, os destinatários desta mensagem estão contextualizados. Então aí vai, para acabarmos, pois temos que ir escrever os estatutos da nossa loja da Praça, Uma Coisa em Forma de Assim, do O’Neill: Os idiotas, de modo geral, não fazem um mal por aí além, mas, se detêm poder e chegam a ser felizes em demasia podem tornar-se perigosos. É que um idiota, ainda por cima feliz, ainda por cima com poder, é, quase sempre, um perigo. Oremos. Oremos para que o idiota só muito raramente se sinta feliz. Também, coitado, há-de ter, volta e meia, que sentir-se qualquer coisa”.