quinta-feira, 29 de março de 2012

A guerra é a guerra, no céu e na terra



A 19 de Março, relembras-me tu, cumpriu-se um ano em que a NATO iniciou os bárbaros bombardeamentos à Líbia e que se prolongaram por sete meses com as consequências trágicas que o mundo conhece. Guerra do petróleo que destruiu completamente um dos países com melhores indicadores de desenvolvimento em África e até no mundo. Nada disto invalida que quem governava este país não fosse um ditador amigo e recebido com honrarias pelos democratas que o abateram.

Eu e tu sabemos, e muita gente sabe, que se tratou de uma agressão externa comandada pelos Estados Unidos, brutal e ilegítima e que provocou a morte a dezenas de milhares de pessoas sem dó nem piedade, uma autêntica barbárie e uma catástrofe humana com a destruição inequívoca de um país. Esta agressão deu-se a coberto dos “direitos humanos”, branqueada pelas Nações Unidas e o seu Conselho de Segurança contra um país e um governo que mantinha uma relativa independência aos poderes económicos instituídos.

O ditador Kadhaffi nunca pensou que “com amigos destes não vale a pena ter inimigos” e pagou com a vida a sua petulância, o seu orgulho desenfreado, a tirania, o vocabulário agressivo e descontextualizado. E a história já demonstrou que não devemos dar créditos a esta gente, ditadores e “civilizados” travestidos de democratas como são os Berlusconi, Sarkozy, Merkel, Ramshfield, Bush e outros cruzados defensores de direitos humanos. Estes senhores, na Líbia, provaram que a guerra só serviu para controlarem os importantes recursos naturais da Líbia, o petróleo em primeiro lugar, e dominarem geo-estrategicamente esta importante região do mundo.

A Líbia hoje é um país destruído, sem governo, abandonado à sua sorte, intolerante, violento, onde se pratica a tortura, o assassinato, governado por bandos armados, por terroristas, onde impera o caos e a violência. Um ano depois desta guerra as empresas, principalmente do petróleo, dos países agressores dominam a seu belo prazer os despojos das batalhas. Afirmas tu que isto serviu, também, para que os EUA e a Europa se dirigissem, com o apoio de uma operação de manipulação mediática dos órgãos de comunicação social, para iniciarem as ameaças e a chantagem sobre a Síria e o Irão. Os mesmos que falam de “direitos humanos” para justificar a guerra contra a Líbia e as sanções à Síria são os mesmos que são responsáveis por centenas de milhares de mortos e os que arrasam países inteiros, como sucedeu e sucede no Iraque, no Afeganistão, no Líbano, na Somália, na antiga Jugoslávia. Apoiam Israel na sua política de ocupação e extermínio do povo palestiniano e sustentam Marrocos que ocupa ilegalmente o Sahara Ocidental, oprimindo o seu povo e roubando as suas riquezas. Os que defendem uma intervenção contra o Irão por este alegadamente querer produzir armas nucleares são os que fecham os olhos às bombas atómicas israelitas (o único país do Médio Oriente com este tipo de armamento), os que já usaram estas armas e que admitem usá-las novamente e num primeiro ataque, como acontece com os EUA.

Há que denunciar esta hipocrisia e defender a solução pacífica dos conflitos, a não ingerência nos assuntos internos dos países, o desarmamento nuclear geral, simultâneo e controlado, o direito à autodeterminação e a independência de povos e países, a dissolução dos blocos político-militares, nomeadamente a NATO. A Constituição de Portugal é clara sobre esta matéria e neste país temos quem seja uma voz independente e denuncie estes atropelos à paz. Estamos a falar do Conselho Português para a Paz e Cooperação, onde as ideias e partes deste texto foram retiradas. Como canta Fausto
A guerra é a guerra, No céu e na terra”.

segunda-feira, 5 de março de 2012

VENTRÍLOQUOS PIMBA



Confesso que começa a ser difícil arranjar tema para nós conversarmos sobre as coisas deste Portugal. Dizes tu que está tudo tão difícil, nós constatamos que é verdade, querem-nos fazer crer que não há remédio e como dizia a minha avó quem não tem remédio, remediado está”, e vamos por aí fora sem que haja muita gente que queira fazer o que ainda não foi feito.

Repara só nesta coisa fantástica de termos gente, na presidência e no governo, que não são mais do que bonecos de ventríloquos pimbas, e que se acomodaram ao que se está a passar na Europa, no país, na nossa urbe. Um presidente que foge de adolescentes de uma qualquer escola da capital não tem a moralidade de dizer aos portugueses o que devem fazer. Ou então lá no seu palácio o hino já não possui a estrofe guerreira e um pouco salazarenta de
contra os canhões, marchar, marchar”!

Parece que tudo parou no tempo, que a desorientação é quase fatal, não nos conseguimos livrar desta camisa de sete forças, apesar de alguma resistência que se vai fazendo nas ruas de uns tantos resistentes a um statuos quo que mete nervos, manifs essas que só dignificam quem as promove pela luta, pela não sintonia com os grandes monopólios, mas também pela organização e não-violência que se tem verificado.

Estamos nós nesta catarse quando nos chega às mãos uma notícia que só dignifica quem tomou tal atitude e tal posição na Europa envelhecida, o presidente da Grécia.

Um senhor chamado Karolos Papoulias, que é Presidente da Grécia, abdicou de salário de 300 mil euros anuais em solidariedade com o seu povo e hoje meteu na ordem o ministro das Finanças alemão. Disse ele:
"Não aceito insultos ao meu país feitos pelo senhor Schäuble. Não aceito isso como grego. Quem é o senhor Schäuble para ridicularizar a Grécia? Quem são os holandeses? Quem são os finlandeses? Teremos sempre orgulho em defender não apenas a nossa liberdade, não apenas a liberdade do nosso país, mas a liberdade de toda a Europa", afirmou em declarações citadas pela Bloomberg.

Infelizmente não temos cá quem fale assim... Antes pelo contrário punimos jornalistas que denunciam a promiscuidade, quase prostituição, que vai entre os ministros das finanças português e esse tal Schäuble, entre o governo português e a comunidade europeia. Esquecemo-nos, muitas vezes, que foi a Grécia, em grande medida, e todos os outros países europeus que contribuíram, e muito, para a reconstrução de uma Alemanha devastada pela guerra que ela própria fomentou, espalhando a morte, fome, destruição, racismo, perseguição, intolerância. Já nos tempos mais recentes foi a persistência dos europeus que, também, contribuíram para a liberdade europeia ajudando, solidariamente, os alemães a derrubarem o muro da vergonha.

Pior que aquele que é cego é aquele que não quer ver. Os partidos do arco do poder limitam-se a servir de lastro às congeminações da senhora Merkell e do Sarkozy, dos que rezam e só sexam para procriar, os que acham que tudo é fruto da “diarreia mental do século XIX”, como dizia o santacombista à mão armada, que conluiado com essa malta toda governou em ditadura este País quase meio século.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

UMA NAÇÃO NÃO NASCE DE UMA IDEIA



É estranho que haja quem estranhe a emigração. Nós estamos num estado comparável somente à Grécia: mesma pobreza, mesma indignidade política, mesma trapalhada económica, mesmo abaixamente dos caracteres, mesma decadência de espírito. Nos livros estrangeiros, nas revistas, quando se quer falar de um país caótico e que pela sua decadência progressiva poderá vir a ser riscado do mapa da Europa, citam-se a par, a Grécia e Portugal!"
Assim escreveu Eça de Queiroz em 1872 no seu livro As Farpas”, dizes-me tu meio sem saberes onde estás, onde andas e para onde vais. Não que estejas desorientado na verdadeira acepção da palavra, mas sim pelos acontecimentos em cascata que têm acontecido neste Portugal que voltou a ser metade Jorge de Brito e metade Jorge de Melo, como diz a canção.
Foram os nossos ministros, incluindo o primeiro, a mandar a maralha para a estranja pois assim evitamos alguns problemas. Foi o nosso presidente a chorar-se que ganha uma miséria, nem dá para comprar o jornal da manhã. Também não é problema pois ele quando censurou Saramago, era primeiro-ministro, também afirmou que nem lia jornais. Mas não queremos que sua excelência passe fome e então deve mesmo emigrar a conselho do nosso Coelho para mitigar a miséria que vai no seu palácio. Sim porque nós também temos um coelho, não é só a Madeira, embora menos pia-dético. São aventais e secretas que deve ser o feminino de secretos, que de porco preto são uma delícia. Acabou-se o Carnaval mas fantoches, marafonas, caretos e gigantones parece que é o que há mais neste país. E estamos quase a chegar à parte mais triste desta aventura que é todos a cantarem “lá vamos cantando e rindo”.
Ou não te apercebes que já existe censura nos órgãos de comunicação social, que as notícias são tríadas ao pormenor, que até no desporto os paineleiros são do centralão e de mais ninguém, que de economia só sabem os mesmos, os do pê esse dê e cê dê esse polvilhados por uns tantos do pê esse, e que não há lugar para mais ninguém, como se neste kimbo não houvesse alternativa ao descalabro e afundamento das naus. Por arte divina por vezes há milagres e então o pagode sorri e fica enfumado pelos ventos de velas e incensos da nossa devoção. E com ar inteligente vão afirmando que não outra solução, temos que aguentar e sofrer. Digo eu, termos muita paciência.
E nem vale a pena derramarmos lágrimas de crocodilo sobre o que está a acontecer no mundo, basta olhar para o norte de África e médio oriente, para adivinharmos que o pior ainda está para vir. Ficamos impávidos e serenos a olhar para o nosso coelho com o rabo a dar a dar junto do seu dono, o casal Merkel-Sarkozy?

Uma nação não nasce duma ideia. Nasce dum contrato de homens livres que se inspiram nas insubmissões necessárias ao ministério dos povos sobre os seus infortúniosAssim afirma Agustina Bessa-Luís e assim pensamos nós os dois. Pela verdade, pela sanidade das futuras gerações.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

IDIOTAS DE UM MODO GERAL



Estás triste sentado num banco do jardim, de um qualquer parque da nossa vila, numa tarde fria como só tu a sentes, fria por dentro e fria por fora e vais desconseguindo perceber este Portugal que cada vez estás mais triste e se vai afundando qual Titanic da era moderna e onde uns patifes vão tocando na orquestra do saque. Sim porque como tu afirmas que esta patifaria te faz lembrar, para pior, o Odorico Paraguaçu da imemorável novela O Bem Amado”. Nem tiques têm para serem iguais à personagem telenovelesca mas são personagens da vida real e uns tipos execráveis. Apanham-se com algum dinheirito, uns créditos, quase todos nomeados pela tutela como administradores de empresas, e quando se sentem ou persentem que vão ficar como gente normal resolvem levar Pingos e Martins e outras empresas de sucesso para fora do retângulo à beira mar plantado.
Fecha-se a loja, seja a da Praça ou do Infante do Músico, de GOLa alta ou da Cruz ao Peito e aí vão eles tentar convencer que são os arautos da liberdade, da fraternidade e da igualdade, mas sempre no maior dos secretismos não vá o Demo tecê-las. Mas há sempre gente pronta a ir ganhar uns míseros 1700 Euros por dia, não se despegando de uma reforma miserável de 9 mil euros, para dar à luz nem que seja para amarelo ver. Claro que todos têm um curriculum invejável, fruto de muito estudo e muitas horas perdidas em bibliotecas cheias de rituais, e por isso é que sabem de tudo. Água, eletricidade, gás, petróleos, caminhos-de-ferro, auto-estradas e até de fazerem conta para uns pelintras que ganham pouco mais que 600 euros lhes pagarem as mordomias. E como tu dizes num escrito memorável
os partidos do arco do poder limitam-se a servir de lastro às congeminações das lojas, dos aventais, dos que rezam e só sexam para procriar, os que acham que tudo é fruto da “diarreia mental do século XIX”, como dizia o santacombista à mão armada, que conluiado com essa malta toda governou em ditadura este País quase meio século”.
Confesso-te, aqui mesmo, que não consigo colocar um avental pois detesto cozinhar e nem um ovo sei estrelar. Prefiro o meu Pregador aos peixes que uma qualquer cruz de cruzado para combater os infiéis. É por isso que detestamos os intocáveis, os únicos que têm verdades absolutas, que debitam dislates continuados quando perguntados sobre assuntos do mais alto valor da Nação e rimo-nos a aventais despregados quando folheias o livro de Alexandre O’Neill e nos deliciamos com este bocado de prosa pois, ainda hoje, os destinatários desta mensagem estão contextualizados. Então aí vai, para acabarmos, pois temos que ir escrever os estatutos da nossa loja da Praça, Uma Coisa em Forma de Assim, do O’Neill: Os idiotas, de modo geral, não fazem um mal por aí além, mas, se detêm poder e chegam a ser felizes em demasia podem tornar-se perigosos. É que um idiota, ainda por cima feliz, ainda por cima com poder, é, quase sempre, um perigo. Oremos. Oremos para que o idiota só muito raramente se sinta feliz. Também, coitado, há-de ter, volta e meia, que sentir-se qualquer coisa”.