sábado, 28 de agosto de 2010

30 ANOS É MUITO TEMPO

Aqui... só para nós os dois, já merecíamos melhor que andarmos cada um para seu canto. Não basta termos tanto espaço e depois estar tudo um pouco abandonado, um pouco desaproveitado, sem história, sem tradição, sem cultura. A nossa tristeza advém de não termos um rumo certo, uma estrada que nos leve a um porto seguro, um discernimento que nos faça sentir que podemos fazer qualquer coisa de positivo. Depois das folhas caídas e das nov'árvores o stress que se apoderou da cultura da serra é quase patológico e não se vê das entidades responsáveis pela cultura do burgo uma tentativa de não deixar alastrar a doença. Fazer a festa com os pais e filhos do pimba cultural a que este país e a região estão votados não é concerteza o que nós dois gostaríamos de fazer e que ainda não foi feito.
Um tal Ramiro Simões, um dos tigres do quadrívio mais um, com 30 anos de carreira, quase tantos como os meus ouvidos se habituaram a ter e a ouvir as canções do Zeca, do Adriano, do Sérgio, do Fausto, do Mingas, do Diakimuezo, do Caetano, do Xico, do Pablo, do Silvio e de tantos outros nas curvas da minha liberdade, merecia que a sua terra olhasse mais pelos filhos da nação. Não basta ter um Cine-Teatro, apoiar as associações do concelho, fazer festivais de verão, entregar diplomas de mérito, efectuar homenagens e distribuir cumprimentos e abraços. É necessário colocar os valores da terra ao serviço de quem homenageamos, de quem elogiamos, de quem nos aproveitamos, de quem sabemos onde estão quando precisamos. Os Ramiros desta Lousã mereciam uma verdadeira política cultural, um Cine-Teatro que fosse uma verdadeira casa do artista, uma política que reúna todas as vertentes de opinião e saberes, uma liberdade a sério, um desejo de um amanhã melhor. Que não seja preciso esperar mais 30 anos!