segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

UMA NAÇÃO NÃO NASCE DE UMA IDEIA



É estranho que haja quem estranhe a emigração. Nós estamos num estado comparável somente à Grécia: mesma pobreza, mesma indignidade política, mesma trapalhada económica, mesmo abaixamente dos caracteres, mesma decadência de espírito. Nos livros estrangeiros, nas revistas, quando se quer falar de um país caótico e que pela sua decadência progressiva poderá vir a ser riscado do mapa da Europa, citam-se a par, a Grécia e Portugal!"
Assim escreveu Eça de Queiroz em 1872 no seu livro As Farpas”, dizes-me tu meio sem saberes onde estás, onde andas e para onde vais. Não que estejas desorientado na verdadeira acepção da palavra, mas sim pelos acontecimentos em cascata que têm acontecido neste Portugal que voltou a ser metade Jorge de Brito e metade Jorge de Melo, como diz a canção.
Foram os nossos ministros, incluindo o primeiro, a mandar a maralha para a estranja pois assim evitamos alguns problemas. Foi o nosso presidente a chorar-se que ganha uma miséria, nem dá para comprar o jornal da manhã. Também não é problema pois ele quando censurou Saramago, era primeiro-ministro, também afirmou que nem lia jornais. Mas não queremos que sua excelência passe fome e então deve mesmo emigrar a conselho do nosso Coelho para mitigar a miséria que vai no seu palácio. Sim porque nós também temos um coelho, não é só a Madeira, embora menos pia-dético. São aventais e secretas que deve ser o feminino de secretos, que de porco preto são uma delícia. Acabou-se o Carnaval mas fantoches, marafonas, caretos e gigantones parece que é o que há mais neste país. E estamos quase a chegar à parte mais triste desta aventura que é todos a cantarem “lá vamos cantando e rindo”.
Ou não te apercebes que já existe censura nos órgãos de comunicação social, que as notícias são tríadas ao pormenor, que até no desporto os paineleiros são do centralão e de mais ninguém, que de economia só sabem os mesmos, os do pê esse dê e cê dê esse polvilhados por uns tantos do pê esse, e que não há lugar para mais ninguém, como se neste kimbo não houvesse alternativa ao descalabro e afundamento das naus. Por arte divina por vezes há milagres e então o pagode sorri e fica enfumado pelos ventos de velas e incensos da nossa devoção. E com ar inteligente vão afirmando que não outra solução, temos que aguentar e sofrer. Digo eu, termos muita paciência.
E nem vale a pena derramarmos lágrimas de crocodilo sobre o que está a acontecer no mundo, basta olhar para o norte de África e médio oriente, para adivinharmos que o pior ainda está para vir. Ficamos impávidos e serenos a olhar para o nosso coelho com o rabo a dar a dar junto do seu dono, o casal Merkel-Sarkozy?

Uma nação não nasce duma ideia. Nasce dum contrato de homens livres que se inspiram nas insubmissões necessárias ao ministério dos povos sobre os seus infortúniosAssim afirma Agustina Bessa-Luís e assim pensamos nós os dois. Pela verdade, pela sanidade das futuras gerações.