quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

DIGO EU E DIZES TU

Estamos mal de tudo ou quase tudo, dizemos nós enquanto o frio aperta cá em cima nesta Serra coberta de branco e tu me dizes que cá se vai andando com a cabeça entre as orelhas. Parece até daqueles diagnósticos médicos que se fazem e onde o doente não tem hipótese de sobrevivência mas que se diz à família que enquanto há vida há esperança. E temos todos que ter esperança. Mas digo eu e tu concordas que sem saúde não há liberdade e que só há liberdade a sério quando houver a paz, o pão, habitação, saúde, educação.

E se todos concordamos em que o Serviço Nacional de Saúde foi das maiores conquistas do vinte e cinco do quatro bem como o Poder autárquico, também sabemos que tal como o direito à informação, o direito à saúde marca a diferença entre existir ou não existir. Sem informação não há vida e viver sem saúde é uma calamidade.

Conquistada a liberdade política há 35 anos, Portugal anda a construir as condições que a suportam tendo como direito fundamental a saúde. Temos hoje equipas de saúde espalhadas por todo o território nacional, tentamos fazer uma reforma na saúde que servisse de marco histórico das reformas em Portugal e na Europa, continuamos a dar expressão ao que de mais essencial tem a liberdade, temos hoje números em saúde idênticos aos da Europa, somos dignos dos maiores elogios nas instâncias internacionais porque conseguimos os mais altos índices de desenvolvimento humano reduzindo drasticamente a mortalidade materno infantil e aumentando a esperança de vida para valores nunca conseguidos.

E se houvesse heróis esses eram os enfermeiros, os médicos mas também todos os profissionais da saúde que contribuíram para que fossem colocados em todo o território nacional os Cuidados de Saúde Primários como parceiro estratégico da liberdade. Os portugueses puderam, assim, escolher o seu médico de família, a sua equipa de saúde, e criaram as condições imprescindíveis de serem mais saudáveis. E hoje a Saúde tem que fazer uma aliança estratégica com a Educação e o Ambiente de forma a que todos possamos aprender a não delapidar os nossos recursos e a impedir que outros o façam, mesmo que os abutres sejam os grandes grupos económicos ou agentes políticos que nada fizeram ou contribuíram para a plenitude da nossa liberdade.

Falta fazer muita coisa a nível mundial mas também em Portugal. E tu recordas-me um texto de um jornalista lá da minha banda, Angola, José Ribeiro, que afirma que “andar à frente do tempo só faz sentido, tal como a liberdade, quando existem como suporte as condições mínimas que garantam a dignidade humana. Num tempo em que prevalece o ter sobre o ser, os valores que fazem um ser humano sentir-se livre nem sempre estão garantidos e quase sempre são negados” Que no próximo ano os nossos políticos e o Governo reforcem as suas decisões estratégicas e que dêem mais valor às áreas sociais e, particularmente, à Saúde.

Não matem o que de bom foram construindo neste últimos anos porque muitas das vitórias deste povo e dos seus governantes merecem figurar como emblema de quem se preocupou em resolver os problemas nacionais. E tu e eu o que vamos fazer? Talvez continuarmos atentos.


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