segunda-feira, 16 de maio de 2011

FANTOCHES


Toma só atenção ao que te vou dizer pois parece-me importante que penses um pouco no que andamos para aqui a falar e a tentar mudar. Sim, porque tu mesmo afirmas que a 5 de Junho nada muda, tudo está pronto para sermos bons rapazes como os da casa do Padre Américo, que a madame alemã já nos disse como nos temos que comportar, que Portugal já foi um País e até o Afonso Henriques já não tem forças para tanta traição, que já não temos vontade própria e que estamos bem piores que antes de um pec 4


Então chega-me à memória uma das imagens que mais me marcou na minha infância e que ficou para sempre na memória das coisas boas da vida. Aos fins da tarde na praia da Póvoa do Varzim surgiam sempre uns artistas que faziam teatro de luva que divertiam e encantavam a pequenada. Os Robertos maravilhavam tudo e todos. Mostras-me um texto de S.A. Marionetas, D. Roberto, que me traz à memória, não uma frase batida, mas um mundo de sonhos e de encantamentos. É dito ali que “o Teatro de Robertos representa, seguramente, uma das tradições mais antigas das artes cénicas, não só na sua vertente portuguesa e europeia, mas também nos heróis populares do oriente. De facto, a origem desta forma de arte popular de representação remonta, na tradição europeia à Commedia dell' Arte italiana do século XVI e não parece ser improvável que as tradições orientais tenham tido, de alguma forma, influência na evolução deste tipo tradicional de representação. É durante o século seguinte que a deambulação de artistas, principalmente franceses e italianos, proporciona uma miscigenação neste tipo de teatro, estando a sua evolução intimamente relacionada com as especificidades culturais de cada país. Em todo o caso, traços constantes atravessam todas as tradições europeias de heróis populares: o carácter subversivo/burlesco dos textos e representações, a utilização de palhetas que emitem sons estridentes (simultaneamente ideais para captar a atenção do público bem como para realçar a sincronização gesto/som, tão importante na criação de uma aparência de "vida" nos pequenos bonecos de luva) e, por fim, a invencibilidade dos heróis, capazes até de vencer o pior dos inimigos - a morte. Em Portugal, o herói popular chega aos nossos dias com o nome de D. Roberto, apesar de, no século XVIII, várias serem as designações para este teatro de fantoches de luva. A prevalência deste nome está, por ventura, ligado a uma comédia de cordel com grande repercussão, intitulada "Roberto do Diabo" ou a um conhecido empresário de teatro de fantoches, Roberto Xavier de Matos”.


Ainda não pensava eu que em pleno século XXI havia de existir um Roberto a defender as cores do meu clube e que uma das vezes parece burlesco mas na grande maioria do seu trabalho proporciona alegria ao povo. E tu acabas este nosso encontro falando-me de fantoches que não são mais do que uma forma particular de marioneta animada por uma pessoa e que se distingue pela manipulação. Entendes agora porque no período revolucionário, neste Portugal tão belo, tu apelidavas de fantoches a uma série de gente que se portava como marionetas de um qualquer Carlucci ou Mobutu e hoje te apetece não apareceres a 5 de Junho porque os “papagaios” que andam por aí a tentar “vender” tudo e todos não passam de uns fantoches de uma Europa decadente.

Não todos são fantoches, digo eu e dizes tu que sabemos que “Nariz que reconhece o cheiro do pilim/Distingue bem o mortimor do meirim” como cantava José Mário Branco na canção FMI.

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