domingo, 13 de março de 2011

A TOURADA DEPOIS DO ADEUS

Falávamos nós se havia alguma alternativa para os tempos que correm e para a falta de pudor de um primeiro que se diz ministro mostrar tanta contradição que até arrepia. Então não foi o dito que durante o debate da moção de censura do Bloco afirmou aos tribunos que a execução orçamental corria sobre rodas e no dia seguinte, sem aviso, descarrila e lança um novo plano de austeridade? Sim é o mesmo Zé que vai sugando a ralé, a geração à rasca, os mais idosos e é bastante generoso para os compadres, os boys e as girls que o vão rodeando e se sentando nas cadeiras de um poder em quem já ninguém acredita. Chame-se o Zé Sócrates, Passos Coelho, Aníbal Cavaco Silva, Durão Barroso ou outro nome estrangeiro.
Isto está mal e vai continuar e eu e tu não somos parvos. A Deolinda é que julga que estamos sempre a adiar e que não fazemos o que ainda não foi feito. Não! A mesma Deolinda tem razão quando afirma que já não podemos mais e que isto já dura há muito tempo. E eu e tu que pertencemos a uma geração que trazia os sonhos de um mundo melhor, um Portugal diferente, solidário e mais igualitário mas que também temos a nossa culpa pelo que se está a passar. Porque deixamos que muitos deles, que andaram connosco nas manifs, nas lutas pá, contra tudo e contra quase todos, estejam hoje de pi-pi de quartzo nos pulsos e com fatinhos bem engomados, sapatinhos lustrosos e gravatas de seda nas cadeiras de uma maioria que dispensa comentários Isto chegou a uma desvergonha que é preciso mesmo estudar para se ser escravo!
Por isso temos alguma malta da nossa geração, comentadores televisivos e alguns paineleiros (que fazem e produzem painéis de opinião) chocados com as manifestações da geração à rasca, dos homens da luta, da Deolinda e de outros movimentos onde eles não conseguem entrar, dar opinião, produzir sentenças ou controlar consciências. Para mudar é que nós estamos cá e mesmo depois do adeus, da tourada, do cavalo à solta e de quem faz um filho fá-lo por gosto a nossa grândola vila morena é contra a geração estabelecida, os velhos do Restelo, as tias das beneficiências nos casinos, os maninhos que seguem o rumo da gestão escabrosa, dos boys e girls das jotas que esperam vez para chegarem ao estrelato que está a chegar ao fim.
Depois de acordar, o povo pá já não canta que pertence à geração sem remuneração e que não se incomoda com esta situação. Estamos eu e tu, e não só nós os dois, muitos milhares, a fazer democracia e liberdade. Só queremos uma vida melhor. E não julguem os boys e girls cá do Burgo que estão a salvo. Porque se já não se ouve o cantar dos grilos no campo ouve-se os silêncios dos que não conseguem ignorar as facadas do tempo, a areia entre os dedos, o sobressalto. Parvos não somos!



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